VRF E A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL: ALÉM DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
- Redação

- há 12 minutos
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O Papel Ecológico do Refrigerante e a Certificação Green Building
Muito se fala sobre a eficiência energética do sistema VRF, um benefício inquestionável. No entanto, o impacto ambiental de um sistema de climatização vai muito além do consumo de eletricidade. No contexto da construção sustentável e das certificações Green Building (como LEED e AQUA), a escolha do fluido refrigerante e a gestão do ciclo de vida do equipamento tornam-se cruciais. Este artigo aprofunda o papel do VRF no tripé da sustentabilidade, focando nas especificações que o tornam um aliado na redução da pegada de carbono de um empreendimento.
Detalhes Técnicos e Contribuição para Certificações
A Evolução dos Refrigerantes (R-410A para R-32/R-454B): Discutir a transição dos fluidos refrigerantes de alto Potencial de Aquecimento Global (GWP) para os de baixo GWP, como o R-32, e como essa escolha no VRF impacta diretamente a pontuação em certificações de sustentabilidade.
Carga Reduzida de Refrigerante:
A modulação de fluxo e o projeto de tubulação do VRF, em comparação com sistemas centrais de grande porte, muitas vezes exigem uma carga menor de refrigerante por tonelada de refrigeração, minimizando o risco ambiental em caso de vazamento.
Carga Reduzida de Refrigerante: Menor Risco Ambiental em Caso de Vazamento
Em comparação com sistemas de climatização centrais de grande porte (como Chillers acoplados a unidades de tratamento de ar), o sistema VRF apresenta uma característica intrínseca que contribui diretamente para a segurança ambiental: a exigência de uma carga total de fluido refrigerante geralmente menor por tonelada de refrigeração instalada. Isso ocorre por dois motivos principais interligados:
Tecnologia de Expansão Direta: O VRF é um sistema de expansão direta (DX), o que significa que o refrigerante (o próprio fluido que troca calor) circula diretamente da unidade externa para as unidades internas. Em contraste, sistemas Chiller usam o refrigerante primário para resfriar um fluido secundário (água gelada), que então é bombeado para os ambientes. O circuito do Chiller precisa de uma carga significativa de refrigerante na sua unidade de refrigeração e, embora o impacto no ambiente seja do fluido secundário (água), a carga total do fluido primário pode ser muito alta.
Modulação Precisa de Fluxo: A tecnologia VRF opera variando o volume de refrigerante que flui através do sistema (daí o nome Variable Refrigerant Flow). O sistema utiliza válvulas de expansão eletrônica (EEV) em cada unidade interna e compressores Inverter na unidade externa. Essa precisão no controle do fluxo otimiza a transferência de calor, garantindo que o sistema use apenas a quantidade mínima necessária de refrigerante em circulação naquele momento para atender à demanda das zonas, resultando em uma densidade de carga total mais eficiente.
O Benefício Ambiental:
Com uma carga total de refrigerante reduzida, o Potencial de Risco de Vazamento (PRA) do empreendimento é minimizado. Em caso de uma falha de tubulação ou componente, a quantidade total de fluido liberado na atmosfera é menor. Em um cenário onde a indústria está migrando para fluidos com menor Potencial de Aquecimento Global (GWP) (como o R-32), a menor carga de VRF potencializa o benefício: menos fluido, mais ecológico, resulta em uma pegada de carbono significativamente menor em comparação com grandes sistemas que utilizam grandes volumes de fluidos mais antigos ou que exigem mais carga total para operar.
Gestão do Ciclo de Vida e Reciclagem:
A durabilidade, a menor taxa de falhas dos compressores inverter e as iniciativas dos fabricantes para a reciclagem e descarte adequado dos componentes ao final da vida útil do sistema, aspecto fundamental nas análises de ciclo de vida do edifício.
Durabilidade, Longevidade e a Gestão do Fim da Vida Útil do VRF
A avaliação de um sistema de climatização no contexto de sustentabilidade (e em análises de Ciclo de Vida do Edifício) não se limita apenas à sua eficiência operacional; a durabilidade e o que acontece com o equipamento ao ser substituído são igualmente cruciais. Nesse aspecto, o VRF se destaca em três frentes:
1. Menor Taxa de Falhas e Maior Vida Útil dos Compressores Inverter
A durabilidade superior do VRF começa com seu componente central: o compressor Inverter (de velocidade variável). Ao contrário dos compressores On/Off tradicionais, que ligam e desligam em ciclos frequentes (gerando picos de corrente e estresse mecânico), o compressor Inverter do VRF modula continuamente sua velocidade e capacidade.
Redução do Estresse Mecânico: O compressor passa a maior parte do tempo operando em cargas parciais, o que diminui o desgaste e a tensão mecânica, prolongando sua vida útil em comparação com a tecnologia tradicional.
Partidas Suaves (Soft Start): As partidas são suaves e progressivas, eliminando os grandes picos de corrente, o que é benéfico para o próprio equipamento e para a rede elétrica do edifício.
Essa operação contínua e modulada resulta em uma menor taxa de falhas e um tempo de vida operacional significativamente maior para a unidade condensadora.
2. Reciclagem e Descarte Adequado de Componentes
Ao final da sua longa vida útil, a responsabilidade ambiental exige que o descarte do equipamento seja planejado. Fabricantes de sistemas VRF de ponta têm iniciativas robustas de sustentabilidade que facilitam a gestão do fim da vida útil:
Recuperação de Refrigerante: As empresas incentivam e treinam técnicos para a coleta e destinação correta do fluido refrigerante residual, que deve ser manuseado como resíduo perigoso, garantindo que ele não seja liberado na atmosfera.
Reciclagem de Metais: Os componentes do VRF, como unidades internas e externas, são majoritariamente compostos por metais (cobre, alumínio e aço). Por serem equipamentos de alto valor agregado, os fabricantes já possuem processos estruturados para a reciclagem desses metais, contribuindo para a economia circular.
Análise de Ciclo de Vida (LCA): Para edifícios que buscam a máxima pontuação em sustentabilidade, a durabilidade e o potencial de reciclagem do VRF contribuem positivamente para a Análise de Ciclo de Vida (LCA), métrica que avalia o impacto ambiental de um produto desde a extração da matéria-prima até o descarte final.
Ao escolher o VRF, o cliente não adquire apenas um sistema eficiente, mas um produto com um ciclo de vida estendido e um plano de descarte mais responsável, alinhado com as exigências da construção civil moderna e sustentável.
Um Investimento de Longo Prazo e Responsabilidade
O sistema VRF, ao combinar alta eficiência com o uso de refrigerantes mais ecológicos e um design que facilita a manutenção e o eventual descarte, posiciona-se não apenas como uma escolha econômica, mas como uma decisão de responsabilidade corporativa e ambiental. Para empreendimentos que visam certificações Green Building ou simplesmente buscam um futuro mais sustentável, entender e especificar esses detalhes do VRF é o passo definitivo para uma climatização verdadeiramente verde.










































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